Acidentes e doenças de trabalho afectam 35% dos europeus
Segundo um estudo da Comissão Europeia, noticiado hoje pelo DN, a crescente terciarização da economia e as novas dinâmicas do mercado laboral estão a provocar efeitos nocivos na saúde e na segurança dos trabalhadores.
O estudo, citado no relatório Trabalho e Saúde na EU de 2002, estima que cerca de 8 milhões de pessoas na Europa dos quinze (correspondentes a 15% da população europeia), sofrem de problemas de saúde provocados ou agravados pela sua actividade profissional. Em 53% dos casos trata-se de “doenças musculo-esqueléticas” – hérnias, tendinites, dores lombares – provocadas por má-posição, movimentos repetitivos ou manuseamento de pesos. As doenças depressivas (stress, ansiedade, depressão) são responsáveis por 18% dos casos identificados, seguidas das doenças pulmonares, que totalizam 8% das situações.
Implicações económicas
Os problemas de saúde identificados resultam em 350 milhões de dias de trabalho perdidos anualmente. Um valor equivalente às faltas por doenças naturais. Tais faltas são custeadas pelos cidadãos contribuintes, pelas empresas, que têm que suportar os subsídios de doença e os decréscimos produtivos e, por último, pelos sistemas de Segurança Social.
Face a este panorama, Bruxelas adoptou em Fevereiro uma nova política de saúde e segurança laboral que visa reduzir em 25% os acidentes e doenças ligados ao trabalho.
Portugal lidera o ranking de acidentes de trabalho
Dados de 2002, apontam um total de 248 mil acidentes de trabalho não mortais registados
Quanto às doenças músculo-esqueléticas, 39% dos portugueses activos queixam-se de dores nas costas e nos membros superiores.
As estatísticas do Ministério do Trabalho (2002) indicam que se perdem mais de 7,6 milhões de dias de trabalho por ano por acidentes de trabalho, uma média de 43,1 dias por acidente. Embora a indústria transformadora e a construção sejam, tradicionalmente apontadas como "as profissões de risco", pela maior incidência de acidentes de trabalho nesses sectores, é na educação que o número médio de dias de ausência por acidente é mais elevado: 55,8 dias.
As principais vítimas em Portugal, tal como no resto da Europa, são os mais jovens e os mais velhos, os trabalhadores com contrato precário e empregados em pequenas e médias empresas.